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A volta da inflação

Ela fingiu desmaio, não chamou mais a atenção e teve gente que pensou que ela tinha ido embora. Em maio do ano passado, a inflação anual medida pelo IPCA se limitou a 1,88%, a taxa mais baixa desde janeiro de 1999. Na época, os economistas do mercado ficaram inebriados e previram que a inflação oficial fecharia o ano de 2020 com apenas 1,5%. Esqueceram de combinar com os preços e o número final acabou ficando em 4,5%, acima da meta de 4%. A trajetória de alta da inflação continua. Nos últimos 12 meses até fevereiro, o IPCA anual alcançou 5,2%, a maior taxa dos últimos quatro anos.

A pressão dos preços tem origem em uma pouco usual combinação entre aumento nas cotações das commodities e desvalorização cambial. Nos últimos 12 meses, o índice de commodities calculado pela revista The Economist aumentou 76%, no rastro da forte recuperação econômica do segundo semestre de 2020 e da expectativa de que o PIB mundial possa crescer 5,5% em 2021, na estimativa do FMI, o que não acontece há décadas. Do lado do câmbio, a fuga dos grandes investidores dos mercados emergentes e a tendência de elevação dos juros americanos, temperados pela inépcia do governo brasileiro no combate à pandemia, garantiram uma desvalorização anual de 23% até fevereiro, o que significa que as commodities, na nossa moeda, ficaram 116% mais caras. Uma paulada que não ocorria desde o Plano Real. Se a inflação não explodiu é porque a economia, principalmente o setor de serviços, sofreu uma violenta contração. Isto fica claro na evolução do Índice Nacional de Construção Civil. A variação de 11,1% nos últimos 12 meses pode ser decomposta entre 21% de materiais e apenas 3% de aumento no custo da mão de obra. É o desemprego e o baixo nível de atividade que ainda seguram o IPCA.

Isto coloca o Banco Central (Bacen) em uma sinuca. Ele vai subir os juros porque a inflação voltou e pode alcançar 7% em meados do ano. Os juros reais estão negativos pela primeira vez desde 1991. Por outro lado, a economia derrapa. É bom lembrar que o crescimento do PIB é calculado comparando-se a média de um ano contra a média do ano seguinte. Como a média de 2020 é muito baixa, há um arrasto (“carry-over”, no jargão dos economistas) que invade 2021. Se o PIB permanecer estagnado durante todo o ano, sem nenhuma variação no ano-calendário, ainda assim o crescimento de 2021 será de 3,7% quando comparado com a média, muito baixa, de 2020. Só que a previsão do mercado para o crescimento do PIB deste ano está em 3,3%. O crescimento que se prevê para 2021, portanto, é apenas uma ficção estatística. Na margem, podemos andar para trás. O fato inusitado é que teremos elevação de juros com a economia parada e a taxa de desemprego em 13,5%. No começo do último ciclo de subida de juros a taxa de desemprego era de 7,8%. O Bacen parou de elevar a Selic quando o desemprego bateu em 8,5%. Agora ele vai iniciar novo ciclo com o desemprego, na largada, já em 13,5%. Se não fizer isto, a inflação pode subir ainda mais, já que o avanço da economia pode sancionar pressões de preços que estão represados pela baixa demanda.

Tudo isto preconiza o esboroamento do apoio ao governo Bolsonaro, assim como o recrudescimento das tensões entre o presidente e seu desacorçoado ministro da Economia. Sem projeto de crescimento, o custo de combater a inflação será excessivo. A política econômica caiu em uma armadilha. O presidente pode escolher entre estagnação e inflação, correndo o risco de escolher uma e levar a outra de brinde. Nestas condições, a fatura que o Centrão vai apresentar ao governo para justificar seu apoio custará cada dia mais caro. Esta inflação o Banco Central não tem como controlar.

#voltadainflacao #IPCA

 

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